terça-feira, abril 05, 2005



por André de Oliveira



Aristóteles definiu o homem magnânimo como aquele que é grande e sabe que é grande, o que corresponderia proporcionalmente ao conceito comum de humilde: aquele que é pequeno e sabe que é pequeno. Mas Santo Tomás foi além e definiu o homem verdadeiramente humilde como aquele que é grande e sabe que é pequeno. É importante frisar que não se trata de inconsciência, ou seja, de não reconhecer o bem que se faz ao mundo e ao próximo, mas de saber que, por mais que se faça, é sempre muito pouco diante da grandeza de Deus. Daí a necessidade da graça. Sem reconhecer esta necessidade, nenhum homem é verdadeiramente humilde.

A maioria de nós não se encaixa em nenhum dos dois conceitos. Não somos magnânimos nem tão pouco verdadeiramente humildes. Há os que são pequenos e acham que são grandes e os que são grandes e fingem ser pequenos. Os primeiros são os famosos metidos a bestas e os segundos hipócritas. Mas os piores são os que são pequenos e fingem ser pequenos. São o próprio demônio em pessoa.

Para estes últimos, qualquer demonstração de conhecimento é sinal orgulho. Pensam que o único objetivo dos que estudam é humilhar o próximo. Gostam de dar palpite sobre tudo, mas quando você prova a deficiência de seus conhecimentos, desistem da discussão, passam a agredi-lo e comparam-no a um tirano que não admite a pluralidade de opiniões. São estes tipinhos que estão destruindo o mundo, conduzindo-o consciente ou inconscientemente às trevas.

Um deles pode chegar para você e dizer: “Já leu o Código Da Vinci? Vai abrir sua cabeça e mudar sua vida”. Nem experimente perguntar se, antes de ler o tal livro, recém-escrito, ele tentou ler a Bíblia, os escritos de Santo Agostinho, de Santa Tereza, de Santo Tomás. Vai se dar mal. Ele vai achar que você também nunca os leu e está citando-os apenas para humilhá-lo. Ou então vai dizer que nada tão antigo pode conter mais verdades que páginas saídas quentinhas do forno. É do tipo de gente que se orgulha da superficialidade de seu conhecimento e ainda se arvora a dar conselhos. Acham que todos os católicos são bobinhos que nunca experimentaram tomar novalgina para dor de cabeça nem ponstam para cólica menstrual e, por isso, resolveram recorrer a Deus. Aliás, deve ser por isso que os antigos eram mais religiosos: havia poucos analgésicos.

Para ele, que aprendeu cristianismo com Dan Brown, é impossível entender como algo tão fácil de refutar, ainda permanece intacto há mais de dois mil anos. Se ele, que é tão pequeno e tão humilde, pôde perceber isso, como autores renomados foram se deixar levar por tão excelsa bobagem?

A única forma de sair ileso de uma discussão com um sujeito desses é se fingir de cretino e dizer que tudo tem seu valor, mas que o aconselharia a ler uns livrinhos diferentes, quem sabe alguma coisa de Felipe de Aquino ou do padre Léo. Mas aí já terá vendido a alma ao diabo e não poderá mais se diferenciar dele.

7:48 PM

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