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quarta-feira, junho 15, 2005
por Gustavo Nogy
O cardápio de ditaduras politicamente corretas anda tão perigosamente variado que ainda hei de preferir, cedo ou tarde, a boa e velha ditadura do proletariado. Saudosismo de quando o mundo estava inexoravelmente dividido entre barbudos e não-barbudos, e isso era bom. Agora, as patrulhas são outras: menos identificáveis, mais sedutoras.
Dizem: há o grandíssimo problema do meio-ambiente e há seus paladinos. O mundo caminha a passos largos para a implosão: demográfica, ambiental, econômica, e, segundo novíssima cartilha, moral. Vejamos. Havendo explosão demográfica, deve haver controle demográfico. Aqui se começa a justificar a existência de movimentos abortistas, a urgência de controle estatal de natalidade, e, por fim, a eutanásia dos considerados inválidos de acordo com tais ou quais prescrições. Em convergência com a necessidade de se despovoar o planeta, militantes gays preconizam o sexo livre, livre inclusive da possibilidade de procriação.
Curiosamente, juntam-se gays, feministas pró-aborto, especialistas em saúde pública e ambientalistas em nome, respectivamente, de valores cívicos louváveis como a irrelevância de se gerar bebês, a absoluta necessidade de se matar os bebês acidentalmente gerados, a pertinência de se preparar morte rápida e indolor àqueles que eventualmente venham a produzir incômodo para seus familiares e para o Estado e a proteção inalienável de um planeta e seus ilustres habitantes, descontados os humanos.
Interesses coincidentes. O que nos resta: em lugar de religião, culto à Gaya. Em detrimento do consumo, ascetismo dietético. Onde havia proteção à vida, aborto e "boa morte". Onde espontaneidade, controle estatal. Antes moralidade, agora cidadania. Sempre suspeitei daqueles aulas de educação moral e cívica.
9:24 PM