quinta-feira, julho 14, 2005



por Octavio Motta

Uma das posições mais extremadas existentes é a posição do meio termo. Sempre querem um meio termo. Vêm armados com um arsenal de clichês. A turma do deixa disso, dos panos quentes. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Tudo em moderação. Nem oito nem oitenta. E por ai vai.

Comportamento patológico que chega às raias do surrealismo. Você afirma que 2+2=4. Outro, por que motivos sejam, diz que 2+2=5. A turma do meio termo que te convencer que, na verdade, a reposta certa é quatro e meio.

São sempre manipulados pelo lado que está errado. Errar é fácil, acertar é difícil. O meio termo entre o erro e o acerto ainda é um erro. Querendo-se a reposta de dois mais dois, quatro e meio é tão errado quanto cinco. A turma do deixa disso entrega o que é certo de mão-beijada em nome de uma vaga noção de tolerância e diversidade. Tudo isso se encaixa no esquema de ditadura do relativismo, termo cunhado pelo Cardeal Ratzinger. Quem acredita em algo de maneira clara e madura é tomado por fanático. Em resumo, os relativistas fanáticos não aceitam que alguém não seja relativista.

Existe uma anedota no mundo jurídico que sempre existe uma teoria mista. Se você não conhece nenhuma teoria sobre um tema, você favorece a teoria mista. Porque sempre tem uma teoria mista. Alias, praticamente só existe a teoria mista. Talvez seja um cacoete de quem leu Hegel e, tragicamente, levou a sério essa patuscada de tese, antítese e síntese. Ostensivamente encontra-se um semiletrado pedindo que você deixe disso, porque sempre tem um meio termo. Um meio termo entre a verdade e a mentira é outra mentira, Dr. Mirandinha!

O mundo vive na teoria mista. Você vive na teoria mista, e nem sabia. As revoluções liberais deram a todos direitos fundamentais inalienáveis na forma de restrições ao poder Estatal. As liberdades de locomoção e expressão indicam que o Estado deve abster-se de praticar ações que lhe tolham esses direitos. Os direitos sociais, contudo, como o nome indica, vem do socialismo, e consistem em ações que o Estado deve e pode exercer para tolher seus direitos individuais em nome de direitos coletivos. Forcosamente quem decide o que o coletivo quer? O estado. Pronto, os direitos coletivos erodem os direitos individuais. Você tem direito à propriedade, a menos que o Estado decida que é melhor toma-la de você em nome da sociedade. Você tem direito aos frutos do seu trabalho a menos que o Estado resolva tungar metade do que ganha com impostos, em nome, claro, do coletivo.

Nem os EUA estão a salvo, pois recentemente a corte suprema deles tomou uma decisão pela qual o Estado pode confiscar propriedade e entrega-la a grandes empresas caso isso vá produzir mais impostos. Isso foi uma derrota do capitalismo porque erode o direito de propriedade privada. Foi uma vitória do socialismo. Mas é difícil explicar isso no Brasil, que confundo capitalismo com grandes empresas e socialismo com povo. Quando o governo pega metade do que um honesto trabalhador ganha em nome de impostos diretos e indiretos, isso é socialismo.

12:34 PM

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